sexta-feira, 25 de julho de 2008

"VIVA LA MUERTE!"

É verdade que, estando do lado da resistência, já nos habituámos à censura dos grandes meios de comunicação social. Habituámo-nos às omissões, às desfigurações. Habituámo-nos à mentira - seja ela conseguida pelo que se diz, seja pelo que não se diz (e este é, tantas e tantas vezes, mais frequente).
Habituámo-nos mas nunca o aceitámos, e não o aceitaremos nunca. O hábito permitiu-nos apenas ganhar a carapaça que não nos deixa abalar perante a desfaçatez, a falta de vergonha, a pestilência da mentira servida diariamente e em doses industriais.
E porque não o aceitámos, não parámos de dizer a verdade por todos os meios.
A mentira descarada atingiu um novo grau de atrocidade com a omissão asquerosa dos crimes hediondos cometidos pelo regime colombiano de Álvaro Uribe. A referência aos métodos questionáveis das FARC na resistência colombiana tem servido para abafar escandalosamente os crimes deste regime fascista, ligado ao narco-tráfico e apoiado pelos E.U.A., com a conivência da União Europeia sarkozo-barrosã.
Por isso, para que se saiba e não se esqueça a verdade, aqui transcrevo o post publicado por Fernando Samuel no Cravo de Abril

«Viva la Muerte!», era uma das frases utilizadas pelo general fascista Millán Astray para exibir a sua dimensão... humana.
Em 12 de Outubro de 1936, no decorrer de uma sessão na Universidade de Salamanca, Millán Astray enriqueceu a ideia, acrescentando à frase um novo condimento: «Muera la Inteligencia! Viva la Muerte!».
Aí está o que bem poderia ser a palavra-de-ordem do poder capitalista dominante, hoje.

Vem isto a propósito da forma como os jornais portugueses têm tratado os acontecimentos na Colômbia.
Com efeito, lendo-os parece estarmos perante uma tradução adaptada ao tempo actual da frase do fascista espanhol, em que os elogios a Uribe e aos seus homens de mão soam como autênticos gritos de Viva la Muerte! gritados à maneira actual, ou seja, decorados com os habituais enfeites pseudo democráticos - e complementados com a desinformação dos leitores, quer divulgando notícias falsas sobre a realidade colombiana, quer silenciando cuidadosamente os brutais crimes do regime de Uribe.

Por isso aqui ficam mais alguns dados sobre a realidade colombiana nessa matéria, desta vez tirados de um relatório da Amnistia Internacional (AI).
Informa esse relatório que, «em 2007, aconteceram na Colômbia 280 execuções extra judiciais». As vítimas, na maioria camponeses, foram apresentadas pelos militares como sendo «guerrilheiros mortos em combate».
Por seu lado, os grupos paramilitares cometeram 230 assassinatos no mesmo ano de 2007.
Ainda em 2007, estes grupos paramilitares - ligados, como se sabe, ao narcotráfico - «roubaram 4 milhões de hectares de terra a camponeses pobres».

Sempre segundo o relatório da AI, os que se queixam destes crimes à justiça correm sérios riscos, tal como os seus advogados de defesa. Exemplos: Yolanda Isquierdo, advogada de várias famílias vítimas dos paramilitares, foi assassinada no dia 31/1/2007; a advogada Carmen Romaña, que representava vítimas de roubos de terras, foi assassinada a tiro no dia 7/2/2007.

Quanto aos sindicalistas - que Uribe considera serem «elementos subversivos» - são alvos preferenciais da repressão.
Assim, informa a AI, durante as duas últimas décadas, foram assassinados 2. 245 sindicalistas e desapareceram 138 (estes desaparecimentos correspondem, regra geral, a assassinatos) - e 3. 400 sindicalistas estão ameaçados de morte.
Mais de 90% destes casos não foram sequer investigados - aliás, segundo a AI, «mais de 40 legisladores são suspeitos de ligação aos paramilitares»...

Eis, em resumo muito resumido e parcial, um retrato do governo de Uribe - que os média portugueses não se cansam de elogiar e apresentar como um exemplo de governo democrático...

4 comentários:

Sal disse...

"É preciso avisar toda a gente"
beijinho

Anónimo disse...

Enviemos para todos os nossos contactos.

Fernando Samuel disse...

A luta continua!

Abraço grande.

samuel disse...

Mais um! Boa!

Abraço