Este meu blogue tem estado a hibernar. Pensei primeiro em classificá-lo, de forma (melo)dramática, como um blogue "moribundo", mas... Não. "Moribundo" implica a ideia de morte, e essa é definitiva.
Assim, este blogue lá vai hibernando. Já poucos se lembrarão dele - não é que tenha chegado a ser lembrado por muitos, claro. Das razões desta hibernação não vale a pena falar, a não ser para dizer que são várias e, todas, de culpa própria. Responsabilidades, muitas e em várias dimensões da vida, cansaço, têm deixado algumas áreas mal servidas - e, nelas, há uma ou duas que precisariam bem mais de mim do que este blogue e os seus leitores.
Além de que aquilo em que tenho estado mais envolvido me tem afastado dos problemas de Viseu, o mote inicial deste blogue. "Linha do Vouga", o título, remete para uma realidade cada vez mais distante, cada vez mais da arqueologia dos transportes públicos - conceito (este dos transportes públicos) que está bem mais longe do imaginário e das aspirações dos viseenses do que os de "rotunda", "centro comercial", "fitness", "naite", "prédios e mais prédios que ninguém consegue pagar", etc. Pelo menos a avaliar pelos sempre estáticos resultados eleitorais, confirmados no ano que agora findou e que reforçam o poder dos caciques, dos donos da terra, dos fascistas broncos, daqueles para quem o desenvolvimento social, ambiental, cultural, económico nada significam, em detrimento das propostas justas, concretas, exequíveis e obviamente necessárias que outros - a CDU, o PCP (chamam-se assim) - propoem no concreto. A mentira, o medo e a pura parolice vencem a verdade, a dignidade, a seriedade.
Por isso, Viseu cansa-me, cansa-me pensar em Viseu e escrever sobre Viseu. E só não mando Viseu às urtigas (mesmo quando, eventualmente, a vida me levar para outras paragens) porque conheci homens e mulheres, grandes, dignos, corajosos, bons e corajosos - esses, da tal CDU e do tal PCP - que acreditam que também aqui a verdade e a plena democracia um dia vencerão - por incrível que às vezes pareça - e que a luta, em si, é já uma vitória.
Mas adiante! Quero aproveitar este momento de insónia - que paradoxalmente serviu para acordar este blogue da hibernação (por quanto tempo, não sei: a Primavera ainda vem longe) - para desejar a todos um bom ano de 2010.
Façamos por isso, lutemos por isso.