quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

BMEL - Biblioteca Municipal Eduardo Lourenço

É provável que aqui refira várias vezes o quão superior a Guarda me parece como cidade relativamente à outra mais povoada, mais endinheirada e com mais brilho de luzes mas muito mais caciquista e parada no tempo das mentalidades que é Viseu, onde esta linha estacionou durante alguns anos. Aqui direi, provavelmente, várias vezes que nessa paragem de anos o sentimento nunca foi o da vontade de ficar e criar raízes. Na Guarda, respira-se outro ar. A cidade está viva e mexe. Chama por nós e acolhe-nos. Convida-nos a ficar. Pelo menos agora, é o que sinto. E nem no período da novidade (em que outras novidades e grandes e positivas mudanças poderiam ter ajudado a criar este sentimento) Viseu, apesar de algumas qualidades objectivas, foi capaz de me dizer "fica, és bem-vindo". Adiante. A isto voltarei.

Mas hoje não quero deixar de lamentar que uma cidade com uma vida cultural tão interessante tenha uma biblioteca municipal (BMEL) com um horário tão reduzido. Encerra às Segundas, Sextas e Sábados de manhã e, mesmo nos outros dias, só abre a partir das 10h. Estamos numa capital de distrito.
Falta de pessoal, argumenta o responsável, justificando com as muitas tarefas que desempenham os poucos funcionários e que obrigam aos períodos de encerramento. Não tenho razões para duvidar. Mas Viseu, com uma vida cultural pouco mais que miserável, bate a Guarda neste aspecto, com a sua biblioteca de horário alargado, funcionários suficientes e muito espaço. Embora mais feiota e sem o enquadramento paisagístico da BMEL, funciona. E a BMEL tem estas lacunas graves (e já não me refiro o ridículo espaço para estacionamento, poderá sempre argumentar-se que o mais saudável é ir a pé ou nos TUG...).
É verdade que Viseu terá, certamente, um orçamento maior e que, não investindo noutras áreas da cultura, tem de sobra para a biblioteca. É verdade que a Lei das Finanças Locais e a estocada que foi este desgraçado OE para 2011 que o PS, o PSD e o lamentável Cavaco nos impingiram reduziram em muito a margem de manobra das câmaras municipais, e a da Guarda não é excepção.
Mas uma melhor gestão dos recursos e do orçamento disponível é possível, e a BMEL, com mais dois ou três trabalhadores, seria um espaço de estudo e de estímulo ao pensamento, um espaço belo, como já é, mas também funcional. Até lá, é uma biblioteca a meio gás.

3 comentários:

Fernando Samuel disse...

É bom quando uma cidade, um país, um qualquer lugar onde chagamos, nos diz: Fica, és bem vindo...

Um abraço.

Antuã disse...

Numa cidade hospitaleira e dedicada à cultura o problema da biblioteca será resolvido mais tarde ou mais cedo.

Anónimo disse...

É uma vergonha...
Em Évora existe um call-center que explora os jovens alentejanos, com contratos precários... há muitos anos... usando-se o sistema de rescindir com uma empresa e fazer contrato com outra.
Trabalhamos com todos os sistemas informáticos do grupo caixa seguros, Império Bonança, Fidelidade Mundial e Multicare, mas não temos o direito a receber um preço mais justo pelo nosso trabalho, tal como os funcionários das Companhias?
Quando contactamos os clientes das Companhias é como se fossemos funcionários destas Companhias, mas para recebermos ordenado já não nos identificamos como tal.
Limitamo-nos a receber entre € 400,00 a € 500,00 e somos tratados como máquinas, pior ainda… pois quando os computadores não funcionam, não existe remédio… quando estamos a precisar de ir à casa de banho, já temos tempos estipulados e a correr depressa.
O Call-center já funciona há muitos anos, muitas empresas passaram muitos “escravos” ficaram…
Agora que mudaram a gestão do Call Center, para uma empresa de escravatura dos tempos modernos, denominada Redware, do grupo Reditus, decidiram inaugurar… vejam lá… inaugurar o Call Center, que devia-se chamar Senzala.
Este grande acontecimento vai acontecer amanhã, dia 25 de Março, e vai ter direito à visita do Secretário de estado para a inovação Carlos Zorrinho, do Presidente da Câmara de Évora José Ernesto Ildefonso Leão de Oliveira, do Presidente da Caixa Geral de Depósitos Fernando Faria de Oliveira, do Presidente das Companhias de Seguros do Grupo Caixa Seguros Jorge Magalhães Correia e as suas comitivas.
E pergunto-me vão inaugurar o quê, mais uma fase da exploração de pessoas, que têm que se sujeitar às condições destes empregos porque não existe mais nada?
Mas não somos pessoas?
Não devíamos ter direito a usufruir de condições mais justas pelo nosso trabalho, para termos direito a viver?
Até quando é que o nosso Pai, a nossa Mãe, o nosso Tio, a nossa Tia,… poderão ajudar-nos?
Mas depois é ver a publicidade destas empresas, em que parecem todos bons rapazes e muito solidários, eis um exemplo http://www.gentecomideias.com.pt/gentecomideias/Pages/MensagemdoPresidente.aspx
Sr. Presidente da Câmara, tenha vergonha em pactuar com esta forma de escravatura… ponha a mão na sua consciência, isto se ainda a tiver…