terça-feira, 23 de dezembro de 2008

E é isto...

Esta notícia, verdadeira boa-nova espalhada pelo Fernando Samuel, do Cravo de Abril, deixou-me feliz. Num Natal em que os sorrisos dificilmente me sairão sem um amargo de boca, eis que a notícia, portadora da esperança com que os povos da América Latina nos têm vindo a brindar, me relembra como o Homem é capaz de se fazer respeitar na sua dignidade, de ser solidário, grande e digno e de olhar para lá do seu umbigo.
Tenho a felicidade de ter conhecido pessoas boas, generosas, solidárias, que acreditam num mundo melhor e na sua capacidade de contribuir para a sua construção. Uma delas - provavelmente a mais fundamental - fez a desfeita de se ir embora para o único lugar verdadeiramente desconhecido, aqui há dias, sem avisar, sem deixar recado. Mas a sua semente e o seu adubo cá ficaram, e esta notícia faz colar as pontas de tudo isto.
Por efémeras que sejam, há pessoas que nos fazem perceber a sorte que temos, afinal, em ter passado por este mundo, lutando sem hesitações nem tréguas pela sua melhoria.

E isto é o Natal.

segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

Um regresso

Embora o meu último post não me desonre nada - apesar de não ter nada de original e ser apenas a repetição de uma justa campanha então em vigor - já está um bocadinho velhinho e só.
Aliás, poucos visitantes devem passar por estas paragens, tão desoladas como a imagem que aqui paira por cima dos posts, a de uma estação ferroviária que nos inunda de melancolia, agravada pelo facto de sabermos que já não existe.
Não há desculpa para esta ausência - um post escreve-se num ápice. Embora, como alguns saberão, os últimos meses, e sobretudo as duas últimas semanas, tenham sido dos piores da minha vida e...
Enfim. Aos poucos resistentes que ainda forem por aqui espreitando (talvez para reverem uma foto que não é má, por algum carinho e simpatia que me tenham ou por capacidade de resistência - e alguns são mesmo grandes resistentes...), para eles, um olá de regresso e sem promessas. Viseu TALVEZ fique para mais logo, tudo o resto para um dia destes, ou quiçá ao contrário.
E para alguém que sei que é dos resistentes, e já que falei na foto, porque resiste, porque não pode ver a foto e por tudo o resto, aqui vai a merecida descrição:
É uma foto a preto e branco (como os sonhos de alguém), na qual se vê a defunta estação de Viseu. Em primeiro plano quatro linhas que entram no enquadramento por baixo (do lado do fotógrafo) e que se entrelaçam pelas agulhas, algumas delas, em segundo plano. Neste segundo plano entra uma quinta linha pelo lado direito, que se estende ao longo de um armazém de mercadorias. Uma das linhas, à esquerda, bifurca-se para esse lado, em direcção a prováveis e difusas oficinas. No espaço entre a nova linha e a original está uma árvore despida (talvez um castanheiro ou um carvalho). Mais á frente, a mesma linha de origem volta a bifurcar-se para a esquerda. No total vêm-se, ao fundo, seis linhas. Em três delas há vagões estacionados. As duas linhas centrais na foto terminam ao fundo, junto à estação, que fica à direita, e aos cais de embarque, onde não está nehum comboio parado, o que aumenta a imagem de desolação. Ao longe, à esquerda, as árvores (penso que plátanos) da Cava de Viriato - que, por enquanto, ainda por lá estão.

sábado, 20 de setembro de 2008

Todos por Cuba


Em solidariedade para com o mais corajoso dos povos - que me desculpem os outros povos corajosos.

Clicar na imagem para saber mais.

terça-feira, 16 de setembro de 2008

Avante Bolívia!

Ocupado com tudo e mais alguma coisa, a energia tem-me faltado para alimentar este blogue regularmente. E depois, ele há blogues tão bons, tão mordazes, actuais e bem escritos que, frequentemente, prefiro lê-los e divulgá-los e aos seus posts. Aqui ao lado há uma lista de alguns dos que mais recomendo.
Mas aqui resolvi voltar para exprimir a total solidariedade deste blogue com o povo da Bolívia e com o presidente Evo Morales face à ingerência norte-americana.
A história já a conhecemos. É sopa azeda e requentada da que o império americano nos tem servido em várias partes do mundo e, com especial ênfase, na América Latina.
Começamos a ver um povo a crescer e a libertar-se das amarras da opressão, a construir com consciência e coragem um futuro mais humano, mais justo, mais solidário para o seu país e... zás! Lá vem a máquina infernal e bem oleada por imensas fortunas, pela exploração imperialista de décadas e pela experiência atacar e destruir.
E a vontade é imensa de pegar em armas e ir combater a besta!
Mas a besta-máquina que se cuide. Já não estamos em Setembro de 1973, num Chile desamparado. Há uma Cuba como exemplo de 50 anos de resistência. Há uma Venezuela com poder económico para se rir nas ventas do imperialismo. Há um Equador. Há uma Nicarágua. Há mais conhecimento das manhas e truques (já velhos) da máquina. E tudo isto vem reforçar um ingrediente fundamental que continua a existir: a coragem de um povo que, com a solidariedade de outros povos, saberá resistir à besta.
Porque é essa a natureza humana, por muito que alguns gostassem de demonstrar o contrário.

terça-feira, 19 de agosto de 2008

Lorca

Homem inteiro, artista inteiro. Não poderia deixar de me juntar aos muitos que hoje prestam homenagem ao grande, grande Feredrico Garcia Lorca. No dia em que se assinala o seu vergonhoso assassinato por esses fascistas de quem alguns gostariam de dourar a memória.
A arte e a vida de Lorca sobreviveram a este vil desaparecimento. Desapareceram e eternizaram-se com a força terrível e bela que as suas palavras, a sua música e a sua vida encerram.
Aqui vai, pela mão e a música de Paco de Lucia.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Ainda este cromo


Este já pensa que o PCP é ilegal!
Que na sua terra se respire demasiadas vezes um ambiente de medo que remete para o fascismo;
que as relações de poder estejam ali muito bem montadas com sua excelência lá pelo topo;
que a política de direita do governo em funções tenha aspectos que remetem também para o 24 de Abril;
que o próprio chefe do governo gostasse, certamente, de ver o PCP ilegalizado;
que nos melhores sonhos deste homenzinho talvez tenha havido lugar para um mundo em que o PCP não estivesse cá para, por exemplo, defender da sua incúria a população de Calde;

que tudo isto seja verdade, concordamos. Mas...
Pois é: o 25 de Abril aconteceu, o PCP é legal e está cá para as lutas. E até em Viseu se vai respirando outro ar. E até em Viseu o PCP está a crescer.
Por isso, que tal começar a pensar em... fugir, quiçá?

Olha! Mais um totalitário!


O Tempo das Cerejas tem aqui mais um daqueles "totalitários", ou lá como se chamam aqueles tipos que teimam em não alinhar com o FMI, com a CIA, com os senhores presidentes de Washington que andam a salvar o mundo, e por aí fora.
Tipo... aquele da Venezuela, 'tão a ver?, ou o de Cuba, ou do Equador, ou... esses latinos, em especial, têm a mania! E depois que fazem eleições e referendos por tudo e por nada! Mas a gente topa-os. Não percebem nada de democracia - em democracia fazem-se eleições e referendos quando se tem a certeza que se vai ganhar, se não, corre mal! Olha os gajos da Irlanda... agora é para repetir até aquilo dar certo. Que aprendam.
Agora estes meios-índios... a arriscar, ali.... sinceramente!

Agora a sério: viva a Bolívia! Viva a democracia! Viva o mundo novo e melhor que havemos de construir!

terça-feira, 12 de agosto de 2008

Lá estalou o verniz outra vez


A essência fascistóide do poder local em Viseu, cuidadosamente disfarçada sob a capa de grande democrata que este seu máximo representante gosta de exibir, lá vem ao de cima quando nos distraímos um pouco.
Veja-se esta escandalosa e ainda fresca intervenção censória. O alvo é sempre o mesmo.

A divulgar, para que se conheça bem estes democratas do caciquismo!

sexta-feira, 1 de agosto de 2008

O país do TGV


Este é (também) o país que vai ter um TGV. O país onde alguém, abusando do poder que por via democrática lhe foi outorgado, vai oferecer mais uma mega-negociata a alguém. Esta chama-se TGV, como outra se chamou CCB, como outra ainda MIT... Aceito sugestões para preencher a lista!
Estranho. Estes sugadouros de dinheiro nosso e de dignidade aparecem não poucas vezes com estes nomes de código disfarçados de sigla. Estranho? Talvez não, não sei.
Sei que a notícia acima me é, nos é, infelizmente nada estranha. É apenas mais um dos muitos reflexos das muitas contradições que o sistema capitalista e a sua versão lusa, dramaticamente trapaceira, produzem.

sexta-feira, 25 de julho de 2008

"VIVA LA MUERTE!"

É verdade que, estando do lado da resistência, já nos habituámos à censura dos grandes meios de comunicação social. Habituámo-nos às omissões, às desfigurações. Habituámo-nos à mentira - seja ela conseguida pelo que se diz, seja pelo que não se diz (e este é, tantas e tantas vezes, mais frequente).
Habituámo-nos mas nunca o aceitámos, e não o aceitaremos nunca. O hábito permitiu-nos apenas ganhar a carapaça que não nos deixa abalar perante a desfaçatez, a falta de vergonha, a pestilência da mentira servida diariamente e em doses industriais.
E porque não o aceitámos, não parámos de dizer a verdade por todos os meios.
A mentira descarada atingiu um novo grau de atrocidade com a omissão asquerosa dos crimes hediondos cometidos pelo regime colombiano de Álvaro Uribe. A referência aos métodos questionáveis das FARC na resistência colombiana tem servido para abafar escandalosamente os crimes deste regime fascista, ligado ao narco-tráfico e apoiado pelos E.U.A., com a conivência da União Europeia sarkozo-barrosã.
Por isso, para que se saiba e não se esqueça a verdade, aqui transcrevo o post publicado por Fernando Samuel no Cravo de Abril

«Viva la Muerte!», era uma das frases utilizadas pelo general fascista Millán Astray para exibir a sua dimensão... humana.
Em 12 de Outubro de 1936, no decorrer de uma sessão na Universidade de Salamanca, Millán Astray enriqueceu a ideia, acrescentando à frase um novo condimento: «Muera la Inteligencia! Viva la Muerte!».
Aí está o que bem poderia ser a palavra-de-ordem do poder capitalista dominante, hoje.

Vem isto a propósito da forma como os jornais portugueses têm tratado os acontecimentos na Colômbia.
Com efeito, lendo-os parece estarmos perante uma tradução adaptada ao tempo actual da frase do fascista espanhol, em que os elogios a Uribe e aos seus homens de mão soam como autênticos gritos de Viva la Muerte! gritados à maneira actual, ou seja, decorados com os habituais enfeites pseudo democráticos - e complementados com a desinformação dos leitores, quer divulgando notícias falsas sobre a realidade colombiana, quer silenciando cuidadosamente os brutais crimes do regime de Uribe.

Por isso aqui ficam mais alguns dados sobre a realidade colombiana nessa matéria, desta vez tirados de um relatório da Amnistia Internacional (AI).
Informa esse relatório que, «em 2007, aconteceram na Colômbia 280 execuções extra judiciais». As vítimas, na maioria camponeses, foram apresentadas pelos militares como sendo «guerrilheiros mortos em combate».
Por seu lado, os grupos paramilitares cometeram 230 assassinatos no mesmo ano de 2007.
Ainda em 2007, estes grupos paramilitares - ligados, como se sabe, ao narcotráfico - «roubaram 4 milhões de hectares de terra a camponeses pobres».

Sempre segundo o relatório da AI, os que se queixam destes crimes à justiça correm sérios riscos, tal como os seus advogados de defesa. Exemplos: Yolanda Isquierdo, advogada de várias famílias vítimas dos paramilitares, foi assassinada no dia 31/1/2007; a advogada Carmen Romaña, que representava vítimas de roubos de terras, foi assassinada a tiro no dia 7/2/2007.

Quanto aos sindicalistas - que Uribe considera serem «elementos subversivos» - são alvos preferenciais da repressão.
Assim, informa a AI, durante as duas últimas décadas, foram assassinados 2. 245 sindicalistas e desapareceram 138 (estes desaparecimentos correspondem, regra geral, a assassinatos) - e 3. 400 sindicalistas estão ameaçados de morte.
Mais de 90% destes casos não foram sequer investigados - aliás, segundo a AI, «mais de 40 legisladores são suspeitos de ligação aos paramilitares»...

Eis, em resumo muito resumido e parcial, um retrato do governo de Uribe - que os média portugueses não se cansam de elogiar e apresentar como um exemplo de governo democrático...

sábado, 12 de julho de 2008

Bettancourt e Betancur

Este blogue começou por referir-se à realidade de Viseu e região, e a ela voltará um dia destes. Mas não pode estar de costas para aquilo tudo o que se vai passando por aí, neste nosso mundo em convulsão. A realidade de Viseu está nessa realidade mais vasta, e tudo o que por aqui se vai passando é, de maneira mais ou menos óbvia, consequência dessa outra realidade.
Por isso, entendo que não tenho necessidade de criar um novo blogue para sair de Viseu - antes pelo contrário: é aqui, como é em qualquer outro blogue que a verdade deve ser dita. E fá-lo-ei em permanência, sem prejuízo de voltar regularmente às questões locais.
E a verdade que deve ser dita consubstancia-se, por exemplo, na denúncia do governo assassino, composto por gente envolvida no narcotráfico, de Álvaro Uribe, na Colômbia. Governo que vai aparecendo por aí (nas fábricas de opinião que tentam ser os grandes meios de comunicação social) como salvador e heróico, associado à libertação de Ingrid Bettancourt.
Pois bem: esse governo conta no seu currículo com mais de 30.000 vítimas. Entre estas vítimas está Guillermo Rivera Fúquene, que "desapareceu" deixando mergulhadas em angústia a sua mulher, Sónia Betancur (sim, Betancur) e a sua filha Chiara. Para uma noção da dimensão do crime e da dimensão da hipocrisia e da mentira, recomendo-vos este excelente post de Vítor Dias, no Tempo das Cerejas.

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Em cheio

Não posso deixar de recomendar o texto que acerta em cheio na pseudo-esquerda e é profundamente conhecedor da dignidade humana, assinado pelo pedras contra canhões no Império Bárbaro
O texto desesperado mas firme da Sal no Mar Sem Sal ou a brilhante descrição, pelo Samuel, daquela coisa que chefia o governo que desgraçadamente nos governa, também merecem a visita.
A propósito, têm seguido as excelentes (esclarecidas e esclarecedoras) lições do Sérgio Ribeiro sobre o Materialismo Histórico?
E a tocante entrevista do Miguel Urbano Rodrigues à Sic, na Jangada de Pedra? Vale a pena dispôr dos 40 minutos que ela dura!

quinta-feira, 26 de junho de 2008

In JC - Elogio

Com tanta sacanice em catadupa, com figuras tão sinistras a golpear diariamente a nossa democracia, aqui trago mais um dos artigos saídos no JC. Foi escrito e publicado (sim, até foi) após um triste fim de semana de Junho de 2005. E, num momento em que ao aumento da repressão também vemos responder um aumento da resistência, sabem bem recordar estes dois democratas. Aqui vai:


Elogio da humanidade

Álvaro e Vasco. Tiveram em comum a crença na capacidade do povo português trabalhador para construir uma sociedade mais justa, mais solidária, uma democracia profunda, para além da fachada. Concretizaram essa crença numa luta concreta, coerente e consequente. Souberam sempre que essa luta teria adversários poderosos e bem apetrechados, mas que a vitória seria certa, que as contradições de uma sociedade injusta, desequilibrada, não poderiam senão ser ultrapassadas.
Vasco Gonçalves foi o rosto de um momento em que essa vitória pareceu próxima. Por um momento, foi possível em Portugal iniciar transformações sociais profundas, concretas. Por um momento, os privilégios tradicionais estiveram seriamente ameaçados. Foi um dos períodos mais fascinantes da nossa história, no qual Portugal experimentou uma nova construção nas relações sociais – muito sua, sem modelos, passível de ser bem sucedida. Um período que acabou como se sabe. Mas que aconteceu, realmente, em Portugal, e este facto paira como um espectro junto da direita portuguesa (assumida ou não). Por isso, o tratamento mediático dado à morte de Vasco Gonçalves não conseguiu disfarçar o desconforto e o incómodo por ter que se falar nisso. Algum receio, quem sabe, de que se recordasse aquilo que se recordou na manifestação popular que foi o seu funeral: Vasco Gonçalves foi o único primeiro-ministro português que governou em favor dos trabalhadores. Talvez por isso, por vergonha, nem o Governo nem o Presidente da República se fizeram representar no funeral. Ou talvez com medo de ser confrontados com a sua ridícula insignificância. Vasco Gonçalves foi um homem de uma extrema doçura, que amou e defendeu sempre “o seu povo”.
O mesmo povo que Álvaro Cunhal serviu sem vacilar durante os seus 91 anos de vida. Essa é uma verdade quantas vezes escamoteada, mas ainda assim reconhecida por esse povo. Álvaro Cunhal foi um homem. Ao contrário do que apregoaram algumas figuras pequeninas, daquelas que povoam o nosso ruído mediático, armadas da sua pseudo-intelectualidade e das suas cassetes, Álvaro Cunhal não foi um deus nem um mito, foi um homem. E, como tal, foi um exemplo raro de entrega sem reservas de uma vida ao colectivo que é o povo português. A sua inteligência e lucidez invulgares, a sua energia, mas também a sua liberdade, o seu sono, o seu conforto, os aspectos mais elementares da sua vida entregou-os, até ao último dia 13, à luta pelos trabalhadores portugueses. Ainda assim, foi um homem, um homem invulgar, mas um homem, de carne e osso. E, enquanto perdurar nas nossas memórias o seu exemplo de coragem inabalável, nenhum outro homem terá o direito de se acomodar numa suposta “natureza humana” para desculpar as suas próprias incoerências ou, simplesmente, a sua mediocridade.
Aos meus netos direi que tive a honra de conhecer homens grandes, corajosos, que se entregaram à humanidade. Obrigado, Vasco. Obrigado, Álvaro. Até sempre.

sexta-feira, 20 de junho de 2008

Crise, dizem eles? Vamos a ela!

Se "eles" quiserem, saimos da tal crise. Mas não querem.
Para que se saiba, aqui vão as 7 medidas do PCP para a ultrapassar, à crise. Funcionam, é claro. Mas os interesses que "eles" defendem não as querem. Entrariam em crise...
Seja como for, aqui vão as medidas que o Partido Comunista Português propõe:

1- O aumento geral dos salários, designadamente do salário mínimo nacional, que inclua um aumento intercalar para os trabalhadores da administração pública, correspondente à recuperação da perda de poder de compra ocorrida este ano, de acordo aliás com as promessas do Primeiro-ministro.

2- O aumento extraordinário das pensões de forma a que as pensões mais baixas progridam em 2008 pelo menos 4% e as intermédias acompanhem o aumento previsível da inflação.

3- A alteração dos critérios para a atribuição do subsídio de desemprego no sentido de reverter a restrição imposta pelo governo, que leva a que a maioria dos desempregados não tenham acesso ao respectivo subsídio.

4- A aplicação de medidas com vista à diminuição dos preços dos combustíveis, designadamente com a criação de um imposto sobre os lucros especulativos das petrolíferas, e ao apoio a importantes sectores económicos especialmente penalizados por estes aumentos, tal como já anunciado no projecto de resolução do PCP sobre esta matéria.

5- A garantia do congelamento dos preços dos títulos de transporte, para além dos passes sociais, através da concretização da utilização do gasóleo profissional anunciada pelo Governo e que tarda a concretizar-se.

6- O estabelecimento de um preço máximo para 2008 num conjunto de bens essenciais básicos alimentares e de higiene.

7- A contenção do aumento custo dos empréstimos actualmente existentes à habitação através da orientação accionista do Estado para a Caixa Geral de Depósitos no sentido de praticar um spread máximo de 0,5% nos empréstimos à habitação, com o consequente efeito de arrastamento no mercado, equacionando igualmente o eventual recurso a medidas de apoio ao nível do endividamento das famílias com mais baixos recursos.

domingo, 15 de junho de 2008

Anestesia

Anestesia

A anestesia é um processo conhecido e útil como auxiliar da medicina na realização de operações ou tratamentos dolorosos. Mas é, também, antes de mais, a simples perda da sensibilidade, da capacidade de sentir. A tão falada indiferença que, em maior ou menor grau, nos ataca ao vermos imagens de violência ou de miséria banalizadas através dos media é o resultado de uma anestesia, provocada pela repetição, a um ritmo que não deixa margem para uma reflexão dolorosa, daquelas imagens. A distracção é outra forma de anestesia. Todos os espectáculos de massas que não despertem uma experiência emancipadora do ser humano no sentido da sua autonomia e do seu crescimento, que visem apenas a sua distracção inconsequente, são uma poderosa forma de anestesia na medida em que o afastam, alienando-o, do confronto com a realidade, com as suas dores mas também com a sua beleza surpreendente. É o caso dos mundos virtuais do espectáculo futebolístico, da telenovela ou dos reality shows. Uma outra forma de anestesia é o fatalismo, segundo o qual as coisas são como são por desígnio divino (a famosa expressão “porque Deus quis”) ou natural. Assim, o nosso sistema económico e social, o capitalismo neoliberal, seria um sistema natural, o melhor dos sistemas realizáveis, com as suas crises cíclicas e as suas retomas (tal como a sucessão das estações do ano) e com algumas consequências mais nefastas mas inevitáveis (tal como as catástrofes naturais). Toda a tentativa de ultrapassar o sistema seria contra-natura e condenada por isso ao fracasso. Eis, porém, que um facto vem estragar esta certeza: nem a Natureza é natural; a Natureza tem uma história, que não acabou, e aquilo que nos parece natural porque tem uma idade avançada nem sempre existiu, e um dia acabará. No nosso país de brandos costumes tem sido uma constante a crença na inevitabilidade do nosso destino, controlado pelas forças divinas, que se cruza com a crença no natural. Cremos facilmente, e cada vez mais, que determinados factos inaceitáveis são naturais e estão para lá da nossa vontade: é natural que tenhamos que pagar tudo e sejamos mal servidos, que tenhamos salários baixos, que os ricos sejam ricos e os pobres sejam pobres, que os governantes nos governem mal, que prefiram dar-nos fontes luminosas e estádios a saúde, educação, saneamento básico ou transportes, que tenhamos que viver em eterno sacrifício. Mas nada disto é natural: pode e deve ser mudado. Antes de mais, é preciso resistir à anestesia.
Publicado no "Jornal do Centro" não sei bem quando

De novo, JC

Por sugestão da minha querida Sal, do Mar Sem Sal, voltei aqui para publicar alguns artigos que foram saindo no Jornal do Centro, assinados por um tal Carlos Canhoto. A série de publicações foi, segundo o autor, sendo cada vez mais espaçada, os artigos foram sendo alvo de vários "esquecimentos" na hora da paginação e... enfim, deixaram de aparecer. Censura? Talvez. Certamente.
Alguns sobre Viseu. Outros não. Alguns com interesse naquele momento. Outros modestamente actuais. De entre estes, um ou outro que poderá aqui ser relembrado. Aqui vai um, já no próximo post.

sábado, 2 de fevereiro de 2008

O regresso

A conselho dos poucos (mas fiéis) frequentadores deste blog vou tentar mantê-lo mais actualizado, com posts regulares.
Entretanto, aconselho uma visita a um blog amigo, muito dinâmico Mar Sem Sal.
Até já.